Lula, o “bom amigo” e “irmão” de Ahmadinejad
Maria Lucia Victor Barbosa
O presidente Lula da Silva possui como componentes de sua
felicidade, primeiro, a fruição das delícias do poder nas quais ele
imerge com aquele enorme prazer dos boas-vidas e, segundo, o
contentamento que nunca cessa quando se tem uma paixão, sentimento que,
aliás, se confunde com obsessão.
A paixão do presidente se concentra em uma meta, o poder, que uma vez
conquistado deve ser mantido a qualquer custo. E ele está certo que
conservará o domínio através de sua criação política, ou seja, da
ex-ministra da casa Civil, Dilma Rousseff, sombra ainda desajeitada do
chefe que o marketing e retoques físicos tentam corrigir e aprimorar.
Porém, Rousseff tem algo que nenhum candidato possui: a máquina
estatal que fartamente distribui bondades e o padrinho Lula que está
todo tempo ao seu lado e estará nos programas eleitorais gratuitos, quer
dizer, no palanque eletrônico a partir do qual se consegue influenciar
emoções e conquistar corações.
A proteção dada à afilhada é tão grande que é de se perguntar: se ela
ganhar, quem governará de fato? A autoritária e dura senhora Rousseff
ou o esperto Lula da Silva que concebeu um jeitinho bem brasileiro de
obter o terceiro mandato sem se parecer demais com seu querido
companheiro e ditador de fato da Venezuela, Hugo Chávez?
Mas o ambicioso Lula quer muito mais. Além de manter os cordéis
internos do poder quer ser um dos senhores da “nova desordem mundial”.
Para satisfazer sua flamejante paixão trabalham incessantemente
assessores também interessados em conservar aqueles privilégios só
permitidos aos que alcançam o cume iluminado da montanha dos poderosos.
Com relação à política externa, além da obsessão da diplomacia
brasileira pelo assento permanente no Conselho de Segurança da ONU,
entraram em cena outras ambições: a chefia do Banco Mundial ou,
principalmente, a secretária-geral da ONU. Afinal, com bons tradutores o
presidente que mal fala português poderia continuar na ONU a contar
piadas, fazer gracejos, dar mancadas, viajar bastante e, especialmente,
abrir caminho para a “nova desordem mundial” ao lado de companheiros
ditadores da pior espécie e ditos de esquerda, os mesmos com os quais
ele tem se confraternizado.
A política externa brasileira tem sido uma sucessão de erros e
fracassos, pois até agora o Brasil perdeu todos os cargos internacionais
que pleiteou. Dirão alguns, que não é bem assim, pois pelo menos Lula
da Silva tem sido bastante premiado. Contudo, dizem as más línguas, que
tal sucesso é obtido por meios bastante custosos. Além do mais, não está
muito claro se o encanto que países importantes sentiram inicialmente
pelo folclórico Lula da Silva ainda se mantém.
Um dos fiascos que ensejou o começo do desencanto aconteceu no
episódio da intromissão em Honduras, quando em conluio com Hugo Chávez o
governo brasileiro apoiou Zelaya e o hospedou por meses na embaixada
brasileira. Mas essa aventura em vez de desanimar levou o mentor de
nossa política externa, Marco Aurélio Garcia, a sonhar com vôos mais
altos. Na sua utopia, Lula da Silva deve ser o grandioso mediador de
conflitos mundiais, o luminoso líder capaz de resolver todos os graves
problemas que anos de esforços diplomáticos de outros experientes
governos não conseguiram. Assim, Lula promete que vai dar solução aos
complexos conflitos entre israelenses e palestinos.
Mas essa chibantice não basta. Lula da Silva tem que provar que é
melhor do que os governantes das grandes potenciais mundiais,
notadamente, dos Estados Unidos. E, por isso, foi ao Irã, assim como o
premiê turco, Recep Tayyip Ergodan que atropelou o presidente brasileiro
ao anunciar em primeira mão que um acordo sobre o programa nuclear
iraniano fora alcançado em negociações nas quais o Brasil participara.
Já Ahmadinejad bajulou Lula ao dizer que este é seu “bom amigo” e
“irmão”, que “Brasil e Irã compartilham valores morais”. “Somos contra a
discriminação, o preconceito, a agressão a tirania” disse o astucioso
iraniano. Mas, enquanto ele destilava hipocrisia, dissidentes eram
presos, torturados, enforcados, minorias religiosas perseguidas, como os
bahais, assim como outras minorias sociais, sem falar na situação das
mulheres que regrediu ao século treze.
Depois de muito foguetório na diplomacia brasileira o tal acordo
sobre o programa nuclear iraniano se mostrou uma farsa, pois logo depois
de assinado um porta-voz da Chancelaria iraniana anunciou que o país
continuará a enriquecer urânio. Quanto as sanções em estudo a serem
impostas por outros países levaram Ahmadinejad ao riso e ao deboche,
pois ele conhece bem as artes e manhas de como burlá-las conforme seu
hábito. E assim, lá para 2013, calcula-se que o iraniano poderá ter sua
sonhada bomba atômica cujo primeiro alvo, conforme sua idéia fixa deverá
ser Israel.
Tudo isso significa que Lula da Silva deve estar muito orgulhoso de
sua valiosa colaboração a tão importante projeto de destruição em massa,
assim como de poder participar da “nova desordem mundial” pretendida
pelo “irmão” Ahmadinejad. Isso se sobrar alguma coisa.
[Maria Lucia Victor Barbosa:Professora universitária com formação em
Sociologia e Política (Administração Pública). Possui experiência em
planejamento e execução de programas sociais para populações de baixa
renda. Autora de O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – A Ética da
Malandragem (Rio de Janeiro, Jorge Zahar editor, 1988); América Latina –
Em Busca do Paraíso Perdido (São Paulo, Editora Saraiva, 1995);
Fragmentos de uma Época (Londrina, Editora UEL, 1998); Contos da
Meia-Noite (Londrina, 1999) e A Colheita da Vida (Londrina, 2000).]
Concordo Professora, com sua opinião. Este de fato um dentre[muitos] os graves delizes de Lula.
ResponderExcluirAlberto L. Pimentel-RO