terça-feira, 18 de maio de 2010


Foi-se o último crítico literário do Brasil...

[Foto:Agência Estado]

Em janeiro de 2010, o Brasil disse adeus para o seu último crítico literário, Wilson Martins.
Reconhecido como o derradeiro representante de uma geração de críticos de literatura, Wilson escreveu uma trajetória única, na arte de examinar e julgar obras de caráter literário ou artístico.
Discutindo, polemizando, criticando, pautando-se sempre na rigidez de seu caráter firme e ético, jamais buscando as vias “do protecionismo”, sem medo de agradar ou desagradar seus criticados, Wilson Martins , de forma impecável se fez história.
Martins pautou-se sempre nos valores fundamentais que compõem o skill do critico literário, e, sobretudo na coragem de evidenciar seus pontos de vista e orientações sobre obras e autores, resistindo bravamente às mudanças [nocivas] que norteiam hoje o jornalismo brasileiro,
Foi um critico de linha de frente, pontual e provocativo, diferente de seus colegas acadêmicos, que levam anos para emitir juízos sobre qualquer obra [?]
Leitor contumaz, jamais deixou dormir no sereno um livro sequer, lia compulsivamente, e sua palavra sólida, respeitada até mesmo por aqueles a quem criticava, admirado por quem desaprovava suas opiniões.
Sua morte provocou sentimentos de um profundo vazio e a certeza de uma perda irreparável, em todos meios acadêmicos e literários.
Exceto em FLORA SÜSSEKIND, [ que deveria permanecer somente como  professora  que é] conforme diz no artigo publicado no Jornal O Globo- em 24/04/2010, onde achincalha o legado cultural deixado por Martins, de forma agressiva e cruel  - o que lhe é peculiar.
Flora expõe um texto truncado, por vezes contraditório, eivado de ira, e com toda certeza:
- pautado na sua inveja de aprendiz da critica literária..
Flora vai além, não satisfeita com todas as agressões que destila no  mal-dito artigo, atinge o  píncaro da estupidez, ao dizer: - “talvez seja necessário, na discussão de um espaço ainda crítico para a crítica, matar mais uma vez Wilson Martins...”
Para quem não leu o citado artigo, deixo aqui um conselho, é de menor valia, use seu tempo até para ver o Silvio Santos [e similares] , ou quem sabe uma caminhada, terá mais proveito, asseguro.
Gosto de polêmicas  agradam-me os debates onde a cultura e o conhecimento permeiam os diálogos, mas Flora não consegue estabelecer um terreno possível para tal, diferente de Martins, lança para escanteio os cânones literários, destacadamente as teorias dos estudos comparativos que são pilares definitivos para a critica literária, independente do espaço-tempo, e " dissemina ainda os des-saberes do que significam  os necrológios na antropologia e na sociologia".
[como bem argumenta Affonso Romano]

Na verdade, Flora edita seu próprio epitáfio enquanto aspirante de critica literária;
- aqui jaz FLORA SÜSSEKIND , aquela que sonhou ser critica literária , sem jamais ter sido!
 
Quem viver, verá!
anamerij

[ Oportuno informar: - o tiro de Flora saíu pela culatra, a corrida as livrarias foi tamanha, que todas as obras de Wilson Martins, estão literalmente esgotadas. ]

Melhor que eu, aprendiz da escrita [assumida], dizem sobre o tema em pauta, os Mestres Affonso Romano de Sant’Anna e Deonísio da Silva:
   

I. Affonso Romano de Sant 'Anna
[Foto: Arquivo do Autor]
CRÍTICA DO NECROLOGIO E NECROLOGIO DA CRITICA

1. CRITICA DO NECROLÓGIO

Quando Wilson Martins morreu, várias pessoas escreveram lembrando sua obra. E algumas lamentaram sua morte. Mas Flora Sussekind  lamenta que Wilson Martins tenha vivido. Por isto, no texto publicado n O  Globo (23.04.2010)  afirma  expressamente que talvez seja necessário  matar uma vez mais Wilson Martins". Ou seja, além da morte física, ela se esforça por extirpar os textos de Wilson da literatura brasileira.
No texto de Flora, em que tantos leitores já acusaram estilística e retoricamente um pensamento tortuoso e mal formulado, é possível, com mais paciência, desentranhar  vestígios de questões que poderiam ser mais claramente  expostas. Ao que parece, ela pretende fazer uma análise da situação da crítica literária no país. E aí logo surge  a questão: será que  realiza o seu intento? Dentro deste propósito ela se detém não exatamente sobre a obra de critico Wilson Martins, mas sobre o seu suposto necrológio feito especialmente por três críticos: Alcir Pécora, Miguel Sanchez Neto e Sergio Rodrigues.
Vou tratar aqui da "maltratada" questão do "necrológio"  e do mito do "herói solitário" deixando para outra oportunidade outros equívocos da autora. 
Aos ingênuos poderia parecer uma  simples metáfora  essa de matar uma vez mais Wilson Martins, pois o objetivo dela   seria uma reflexão para se rever a crítica literária nos pais.  Não é bem assim.  "Matar"  é tirar a vida,  eliminar, apagar, limpar os vestígios.  E a ensaísta  está tão incomodada com o nome ou o fantasma de Wilson Martins rondando seu imaginário que investiu contra aqueles que escreveram sobre ele quando ele faleceu. Não basta ter ocultado, censurado o nome do crítico nos cursos de literatura quando ele era vivo, agora é necessário também censurar (quem sabe "matar"?)  os que escrevem sobre ele.
“Se algum estudante de lingüística, de literatura ou psicolinguística aplicar a técnica da análise de conteúdo  à diatribe que ela escreveu, vai notar que palavras como “ressentimento”, “agressivamente”, ‘ virulência”, "truculência" "exacerbado"  pavimentam sintomaticamente o seu texto.
Isto consubstancia uma "pulsão de morte" sub specie crítica que no plano político e social aproxima-se de ideologias e  regimes  que incitam a matar, extirpar nomes e imagens de adversários como forma de apropriar-se da história.

Dito isto, tenho   que me demorar ainda mais um pouco sobre a questão do necrológio já que  a autora do interessante ensaio "O sapateiro Silva"  insiste em  sapatear sobre a sepultura de Wilson Martins. Consideremos o sentido do necrológio tanto na sociedade primitiva quanto na  civilizada. Diga-se logo, que ao negar aos outros que façam o necrológico afetivo ou intelectual de Wilson Martins, talvez Flora  esteja escrevendo um epitáfio   para si mesma enquanto crítica, além de  promover uma desleitura do que significam  os necrológios na antropologia e na sociologia.
A celebração, a evocação dos mortos não é uma aberração nem pode ser abolida pela pretensa racionalidade de alguém, pois são exigência do imaginário humano. As sociedades  recorrem a esses rituais  para elaborar sentimentos, remorsos, fantasias e  até dialogar com a morte. Diz L.V.Thomas que "o homem é um animal que enterra seus mortos”. Acrescenta Françoise Charpentier que "nenhum grupo humano se desinteressa de seus cadáveres”. E Michel Ragon ("L'espace de la mort")  arrola umas 15 maneiras que as diversas culturas elaboraram  de lidar com seus mortos: fazendo tumbas, incinerando, praticando o canibalismo, expondo-os às bestas ferozes, jogando ao mar, lançando ao fogo,  colocando em urnas, árvores, nichos, etc.
  Na tragédia   “Antígona”, Sófocles narra a patética estória  da heroína procurando enterrar seu irmão Polinice,   ao qual o rei Creonte negava o direito de sepultura. Antígona enfrenta o poder e enterra o irmão. Negar à sepultura e o ritual necrológio a Polinice foi o principio crítico da decadência de Creonte, como advertiu o sábio Tirésias.
 Só nos regimes e mentalidades autoritários destróem-se cemitérios, apaga-se a história, faz-se tabula rasa do passado. Os familiares dos mortos na  última  ditadura   que tivemos (e eu vivi este período) ainda clamam pelo direito  de enterrar seus "desaparecidos". De resto, neste caso, é bom lembrar  aquele imperador chinês,  que mandou não só  matar todos os sábios da corte, mas queimar seus livros,  e decretou que a história começasse com ele mesmo.
  Por sua vez,  a cultura barroca, refazendo os costumes arcaicos, elaborou  uma oratória,  um  relógio fúnebre que era um gênero literário  dos mais considerados e com uma função social específica. Phillippe Ariès nota que uma das características da sociedade  industrial    "contemporânea" (e Flora se quer "contemporânea),   é perverter, disfarçar  e até interditar o sentimento de morte.  No entanto, mesmo  modernamente, o  necrológio, sobre ser um fato sócio-antropológico, é também um gênero jornalístico e  literário cultivado com singularidade  pelo "The Times" e "The New York Times", que têm redatores especializados no assunto.
Lembro essas coisas, mas me dou conta que  o incômodo  que a figura de  Wilson Martins   provoca em Flora é de tal ordem, que  ela esta execrando até mesmo os necrológios feitos sobre cadáver recente.
Talvez se devesse lhe dizer:  Flora, você não tem  que levar flores à tumba de Wilson Martins. Mas também não tem que dar chutes nem  tentar destruir sua lápide.



            2- O MITO DO HERÓI SOLITÁRIO


              No processo de decomposição da imagem de  Wilson Martins Flora Sussekind refere-se, por duas vezes,  ao fato que alguns o consideram um  "herói solitário". Ela ironiza essa expressão ou idéia que estaria expressa ou subentendida nos textos escritos sobre ele.
Aqui a questão torna-se constrangedora e pode-se supor que ela   desconhece não só a obra como a própria  vida desse anti-herói. É querer ignorar que ele abriu mão de agremiações literárias, abriu mão de grupelhos e de partidos e centrou-se desde sempre no seu fazer critico. É não saber que por ter as opiniões criticas que tinha, foi despedido de vários jornais. E no  último jornal  em que trabalhou, ou não recebia pagamento ou tinha que se esforçar para tal. É querer negar o que há de solitário e heróico em realizar, sozinho,   uma obra complexa como "História da Inteligência Brasileira", em 7 volumes. É querer  invalidar além dos   2 vols de "A crítica literária no Brasil" os 17  volumes de críticas jornalísticas.  É querer negar que é o único historiador e crítico que fez uma leitura abrangente de nossa cultura de 1500 até 2010. Ninguém fez isto entre nós. E noutras literatura não sei de nada semelhante. Durante sua trajetória   alguns críticos evidentemente surgiram,  mas trabalharam apenas alguns anos e  pararam ou foram desestimulados. Ele persistiu desde 1942 até 2010, portanto, quase 70 anos. E é isto  que  a autora de "Até segunda ordem não risquem nada", com meia dúzia de argumentos mal alinhavados,  quer jogar no lixo.
Alguém pode até dizer malevolamente: melhor se  Wilson  Martins tivesse lido menos e pensado mais. Como tirada tem lá sua graça momentânea, mas não se ajusta a ele. Quem pretende ser crítico e historiador tem mesmo que ler “tudo e não pode resumir-se a elogiar seus confrades e a operar pela exclusão (coisa que é muito familiar `a autora de "Papéis  colados").  E Wilson Martins, crítico semanal, estava na "linha de fogo" opinando sobre obras ainda não canonizadas. Como escrevi em outra ocasião ao longo de cinco décadas de atividade critica ele pode ter   feito um inimigo por semana, ou seja, uns  2.600 ao longo de 50 anos. E certamente Flora é um deles, pois  Wilson Martins mostrou o que ele chama de "falácias" de seu livro -” O Brasil não é longe daqui".
   Lembremos, por outro lado,  que essa  obra  extensiva e intensiva que Wilson Martins produziu,  ele a elaborou não com uma equipe, mas individualmente, só, solitariamente, num tempo em que não havia Google ou internet. E mais, a executou apesar das suas deficiências físicas, movendo-se com dificuldade para chegar aos locais de trabalho e fazer suas pesquisas.  Por isto, embora eu possa discordar dele quanto à leitura ou o julgamento de um autor ou outro, ou de uma idéia ou outra, diria que ele com sua deficiência física é mais imprescindível à cultura brasileira que outros com sua deficiência intelectual.
 Uma das coisas mais irônicas, paradoxais,  senão patéticas, que se pode constatar no texto de Flora é que ela, em alguns aspectos,  está defendendo as mesmas teses de Wilson Martins, sem o saber. Em 1996, numa entrevista dada a José Castelo  o crítico já assinalava a "morte da critica literária no Brasil".   Dizia, com a autoridade que tinha, que "nos jornais propagou-se com rapidez a idéia de que a critica literária não tem mais importância". Portanto, Flora está atrasadissima no seu diagnóstico.
  Garcia Marquez tem o conhecido romance, "Crônica de uma morte anunciada" e vários autores têm livros onde falam da segunda morte de seus personagens.  Isto me ocorre enquanto analiso o que está sucedendo nessa tentativa de novo assassinato  de   Wilson Martins. Na verdade  a  "morte" de Wilson Martins já havia sido anunciada há muito. Ele mesmo se encarregou de  divulgar isto, quando  naquela entrevista em 1996  disse que a morte da critica literária estava em curso com as mudanças ocorridas na imprensa e na vida social.  Neste sentido, o texto de Flora está atrasado 14 anos em relação ao de Wilson ao vir falar agora sobre”, a perda de lugar social da crítica". E mais: torna-se repetitivo. Quando Wilson assinalava com tristeza e ironia que a crítica literária estava sendo assassinada, havia um toque autobiográfico nisto, porque ele era critico e estava, portanto falando de seu próprio extermínio social. E essa  que seria simbolicamente a morte de um  gênero  literário tornou-se   algo mais concreto e  físico quando o próprio Wilson foi demitido do jornal  que agora, sem crítico de literatura, alardeia o artigo de Flora sobre a morte da crítica literária.
            Portanto, com a proposta de novo assassinato de Wilson Martins e diante desse desejo de  "matar uma vez mais" o critico, estamos diante de uma terceira morte. Mas como nas regras onde o mais é menos e o menos é mais, está ocorrendo um  renascimento da obra do crítico, as pessoas estão procurando os seus volumes para entender a razão de tanto desejo de morte em relação a ele. A virulência despejada sobre seu nome está provocando interesse em torno de sua obra, para o tormento  dos que querem autoritariamente controlar a vida e o sistema literário.

por Affonso Romano de Sant 'Anna



II. Deonísio da Silva
[Foto:- Arquivo do Autor]

Crítico é atacado depois de morto


Quando o escritor Josué Montello morreu, fui procurado para falar (mal) dele. Em entrevista a Geneton Moraes Neto, no Jornal do Brasil, e em artigos assinados no Estado de S. Paulo, eu tinha feito várias ressalvas, não apenas à sua obra, mas à sua atuação como personalidade literária que era. Josué Montello respondera-me em grandes jornais, eu dera a tréplica no Verve, pequeno jornal editado por uma equipe presidida por Ricardo Oiticica, em Niterói (RJ).

Há quase trinta anos mantenho coluna semanal no Primeira Página, pequeno jornal de São Carlos (SP). Acredito muito nos pequenos jornais. Eles completam as falhas geológicas dos grandes. E a imprensa do período, ainda mais agora com os mecanismos de busca, jamais será a de um jornal apenas, como já foi no passado.

Ao me negar a falar de Josué Montello depois que ele morreu, comentei a advertência que, na Odisséia, Ulisses faz à Ericléia, que se alegra com o massacre dos pretendentes, popularizada pela seguinte expressão do latim vulgar: "De mortuis nil nisi bene" (Dos mortos nada, a não ser o bem).

Escrevera aqueles artigos e dera aquelas declarações a Geneton Moraes Neto quando eu tinha 35 anos! Hoje, aos 61, diria tudo o que disse de modo diferente. O outono nos ensina a moderação, mas fazer o quê? Pedro Nava definiu a experiência como um automóvel com os faróis virados para trás. Quer dizer, de pouco serve, pois o percurso já foi feito.

Flora Süssekind, professora altamente qualificada, não deve desconhecer a recomendação que da literatura migrou para a vida cotidiana, mas perpetrou várias indelicadezas e equívocos no caderno "Prosa&Verso" de O Globo (24/4/2010). Não apenas com o que disse, mas com o que costuma silenciar, pois ela deve conhecer a qualidade de livros e autores que omite em suas pesquisas. Como disse Eduardo Portella, "o silêncio é aquilo que se diz naquilo que se cala".

O pior de tudo é que jamais discordou de Wilson Martins quando ele era vivo. Em cima de seu caixão, com o profissional morto, ela, não só desanca sua obra, como ainda fala mal de quem falou bem do crítico, aí incluídos referências da crítica literária, como é o caso de Alcir Pécora e Miguel Sanches Neto, comentaristas de inegável qualidade. Qual foi o erro dos dois? Discordar dela?

Destaco trecho do que escrevi na coluna de Augusto Nunes na Veja on-line, no dia seguinte ao falecimento do crítico:

"Wilson Martins dizia: `não comento autores, comento livros´. Fez a história da literatura brasileira de 1500 a 2009, acompanhando os lançamentos e garimpando neles o que achava relevante. Antonio Candido data sua história de nossas letras na segunda metade do século XVIII e vem até 1930. E nas universidades só ele é citado. Há décadas. Wilson Martins integra a multidão de esquecidos para que poucos possam aparecer louvados pelos mesmos de sempre".

A militância política dos professores não pode ser exercida em sala de aula. Ali há programas, ementas, objetivos e bibliografias bem definidos a cumprir. Sejam pagos por escolas públicas ou privadas, os mestres estão submetidos a hierarquias baseadas em relações de saber, não de poder, e precisam ministrar aos alunos um ensino de qualidade. Aqueles que substituem ações docentes por proselitismo estão traindo os alunos. Não é esta a única razão do notório fracasso escolar, mas é uma força considerável no rebaixamento da qualidade de ensino. O artigo de Flora Süssekind logo estará sendo citado e multiplicado em universidades para ajudar a deformar nossos cursos de Letras. A mídia vem sistematicamente negando espaço a quem faz literatura de qualidade, aí incluída a crítica, naturalmente, e por isso enseja a consagração de mediocridades.

Colunas suspensas

Há algo muito mais grave do que ensinar que não houve ou não há literatura brasileira. É fazer de conta que obras e autores do gosto do mestre sejam impostos aos alunos como únicas referências literárias. Naturalmente, o mestre tem seu gosto, que é também uma categoria estética, mas quem experimenta o prato é o cliente, não o garçom. E neste caso, críticos e professores são garçons.

Por melhor crítico que tenha sido Armando Nogueira, quem fez a jogada foi Pelé, foi Garrincha, foi Romário, foi Maradona, não ele. Ele não jogava, ele comentava. Exagerando um pouco, Sartre disse que "os críticos são guardiães de cemitérios". E ademais já não somos poucos os que achamos que é urgente uma revisão em nosso cânone literário, que consagra tantas mediocridades.

Os editores de cadernos literários usam sempre como recurso de argumentação que não há espaço para comentar mais livros ou outros livros, revelar outros autores, sair da geléia geral em que a maioria deles está há muitos anos. Por que, então, dedicar duas páginas inteiras para um solilóquio desses contra Wilson Martins? Não teria sido melhor abrir o mesmo espaço para uma saudável controvérsia?

Wilson Martins e Affonso Romano de Sant´Anna tiveram suas colunas suspensas em O Globo em agosto de 2005. Comentando o afastamento dos dois, escreveu Alberto Dines neste Observatório (8/8/2005):

"A maior empresa de comunicação do país, uma das maiores do mundo, não tem os caraminguás para manter uma instituição que dá à combalida cultura carioca o suporte erudito para o seu renascimento. De diferentes gerações (um é poeta e professor mineiro; o outro ensaísta e professor curitibano) ARS e WM são dois expoentes da cultura brasileira que O Globo oferecia ao seu público no mesmo dia e mesmo caderno".

Pois é.
Olhem só para quem ocupou o lugar deles.
Os leitores façam as suas comparações!


por Deonísio da Silva

6 comentários:

  1. Excelente! Grata por nos proporcionar tanta coisa relevante.
    Belvedere

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  2. Aí como cá, partem o que mais faltam fazem, pela frontalidade, pelo descompromisso com o poder instituído, como Saldanha Sanches (professor e jurisconsulto nas áreas de Direito Fiscal, Direito do Balanço e da Contabilidade, Direito Financeiro e das Finanças Públicas) a quem aqui posto o meu elogio póstumo.
    Bernardete Costa
    18/05/2010

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  3. Bernadete,
    De fato , temos perdido grandes nomes, que escreveram não somente a história de um país- mas a história universal, pq. detentores de saberes -além fronteiras.
    Homens com visão de mundo .
    Assim , entre perdas e ganhos, a Literacia vai cumprindo sua missão de promover o aprendizado permanente , de assegurar os registros históricos, de preservar a memória cultural, ligando os povos e escrevendo uma lição para os que virão depois de nós.
    Para os nossos Mestres, com carinho , estaremos
    sempre alertas , zelando por seus nomes e por seus legados.
    Abs, anamerij

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  4. Esta Revista está excelente!
    Parabéns!
    Julio Andreasa

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  5. Maravilhoso embate!
    Li o referido artigo, e esta revista traz a tona quem é de fato esta senhora.
    Na verdade, acho que Flora, ao matar novamente Wilson Martins, canonizou o respeitado Crítico .
    O que dizem é verdade, moro no Rio de Janeiro e fui a mais de 07 livrarias tentar comprar uma obra que fosse de Wilson Martins, sem conseguir Não mais se encontra.
    Tenho dois de seus livros, e vou guardar no cofre, pois viraram relíquias .
    Parabéns!
    Abs, deste agora seguidor fiel de vocês.
    João Marques de Queiros- Professor de Literatura

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  6. Verifico, mais uma vez, que... quem não tem luz própria tenta apagar a luz do outro, para poder "brilhar". E quando uma professora "altamente qualificada" comete tal acto, não só se define, como traz à tona uma das principais causas do insucesso escolar: a mediocridade. E esta (a mediocridade...) não fala por ter alguma coisa para dizer. E a exclusão é, para ela, um gatilho muito fácil de premir.
    No entanto, ninguém poderá enganar muita gente, durante muito tempo, como diz o ditado. É provável, sim, que Flora esteja "escrevendo um epitáfio para si mesma enquanto crítica ". Como pode alguém levantar a espada sobre quem já não pode exercer o seu direito de resposta?! Como pode querer "assassinar" agora Wilson Martins, se nunca discordou dele quando era vivo e se não conhece a obra nem o Homem que está por detrás dela?!
    No entanto, a mediocridade nunca poderá, obviamente, dissolver o que está para além do corpo físico que Wilson Martins usou para viver...
    Perante tal atitude, a boa crítica chega a ser um bálsamo. Além disso, ela capta o que a obra tem a dizer, defende-a da má crítica, orienta o leitor e ajuda-o a entender a Obra. Por tudo isto, muito obrigada a Affonso Romano de Sant´Anna, a Deonísio Silva e a Ana Merij.

    Maria João Oliveira

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