Em janeiro de 2010, o Brasil disse adeus para o seu último crítico literário, Wilson Martins.
Reconhecido
como o derradeiro representante de uma geração de críticos de literatura,
Wilson escreveu uma trajetória única, na arte de examinar e julgar obras de
caráter literário ou artístico.
Discutindo,
polemizando, criticando, pautando-se sempre na rigidez de seu caráter firme e
ético, jamais buscando as vias “do protecionismo”, sem medo de agradar ou
desagradar seus criticados, Wilson Martins , de forma impecável se fez
história.
Martins
pautou-se sempre nos valores fundamentais que compõem o skill do critico
literário, e, sobretudo na coragem de evidenciar seus pontos de vista e
orientações sobre obras e autores, resistindo bravamente às mudanças [nocivas]
que norteiam hoje o jornalismo brasileiro,
Foi
um critico de linha de frente, pontual e provocativo, diferente de seus colegas
acadêmicos, que levam anos para emitir juízos sobre qualquer obra [?]
Leitor
contumaz, jamais deixou dormir no sereno um livro sequer, lia compulsivamente,
e sua palavra sólida, respeitada até mesmo por aqueles a quem criticava,
admirado por quem desaprovava suas opiniões.
Sua
morte provocou sentimentos de um profundo vazio e a certeza de uma perda
irreparável, em todos meios acadêmicos e literários.
Exceto
em FLORA SÜSSEKIND ,
[ que deveria permanecer somente como professora
que é] conforme diz no artigo publicado no Jornal O
Globo- em 24/04/2010, onde achincalha o legado cultural deixado por Martins, de
forma agressiva e cruel - o que lhe é peculiar.
Flora expõe um texto
truncado, por vezes contraditório, eivado de ira, e com toda certeza:
- pautado na sua inveja de aprendiz da critica literária..
Flora vai além, não
satisfeita com todas as agressões que destila no mal-dito artigo, atinge o píncaro
da estupidez, ao dizer: - “talvez seja necessário, na discussão de um espaço ainda crítico para a
crítica, matar mais uma vez Wilson Martins...”
Para
quem não leu o citado artigo, deixo aqui um conselho, é de menor valia, use seu
tempo até para ver o Silvio Santos [e similares] , ou quem sabe uma caminhada,
terá mais proveito, asseguro.
Gosto
de polêmicas agradam-me os debates onde
a cultura e o conhecimento permeiam os diálogos, mas Flora não consegue
estabelecer um terreno possível para tal, diferente de Martins, lança para
escanteio os cânones literários, destacadamente as teorias dos estudos
comparativos que são pilares definitivos para a critica literária, independente
do espaço-tempo, e " dissemina ainda os des-saberes do que
significam os necrológios na antropologia e na sociologia".
[como bem argumenta Affonso Romano]
[como bem argumenta Affonso Romano]
Na
verdade, Flora edita seu próprio epitáfio enquanto aspirante de critica
literária;
- aqui jaz FLORA SÜSSEKIND , aquela que sonhou ser critica literária ,
sem jamais ter sido!
Quem
viver, verá!
anamerij
[ Oportuno informar: - o tiro de Flora saíu pela culatra, a corrida as livrarias foi tamanha, que todas as obras de Wilson Martins, estão literalmente esgotadas. ]
[ Oportuno informar: - o tiro de Flora saíu pela culatra, a corrida as livrarias foi tamanha, que todas as obras de Wilson Martins, estão literalmente esgotadas. ]
Melhor
que eu, aprendiz da escrita [assumida], dizem sobre o tema em pauta, os Mestres
Affonso Romano de Sant’Anna e Deonísio da Silva:
CRÍTICA DO NECROLOGIO E NECROLOGIO DA CRITICA
1. CRITICA DO NECROLÓGIO
Quando Wilson Martins morreu, várias pessoas escreveram
lembrando sua obra. E algumas lamentaram sua morte. Mas Flora Sussekind
lamenta que Wilson Martins tenha vivido. Por isto, no texto publicado n O
Globo (23.04.2010) afirma expressamente que talvez seja
necessário matar uma vez mais Wilson
Martins". Ou seja, além da morte física, ela se esforça por extirpar
os textos de Wilson da literatura brasileira.
No texto de Flora, em que tantos leitores já acusaram
estilística e retoricamente um pensamento tortuoso e mal formulado, é possível,
com mais paciência, desentranhar vestígios de questões que poderiam ser
mais claramente expostas. Ao que parece, ela pretende fazer uma análise
da situação da crítica literária no país. E aí logo surge a questão: será
que realiza o seu intento? Dentro deste propósito ela se detém não
exatamente sobre a obra de critico Wilson Martins, mas sobre o seu suposto
necrológio feito especialmente por três críticos: Alcir Pécora, Miguel Sanchez
Neto e Sergio Rodrigues.
Vou tratar aqui da "maltratada" questão do
"necrológio" e do mito do "herói solitário" deixando
para outra oportunidade outros equívocos da autora.
Aos ingênuos poderia parecer uma simples metáfora
essa de matar uma vez mais Wilson Martins, pois o objetivo dela
seria uma reflexão para se rever a crítica literária nos pais. Não é bem
assim. "Matar" é tirar a vida, eliminar, apagar,
limpar os vestígios. E a ensaísta está tão incomodada com o nome ou
o fantasma de Wilson Martins rondando seu imaginário que investiu contra
aqueles que escreveram sobre ele quando ele faleceu. Não basta ter ocultado,
censurado o nome do crítico nos cursos de literatura quando ele era vivo, agora
é necessário também censurar (quem sabe "matar"?) os que
escrevem sobre ele.
“Se algum estudante de lingüística, de literatura ou
psicolinguística aplicar a técnica da análise de conteúdo à diatribe
que ela escreveu, vai notar que palavras como “ressentimento”, “agressivamente”,
‘ virulência”, "truculência" "exacerbado"
pavimentam sintomaticamente o seu texto.
Isto
consubstancia uma "pulsão de morte" sub specie crítica que no
plano político e social aproxima-se de ideologias e regimes que
incitam a matar, extirpar nomes e imagens de adversários como forma de
apropriar-se da história.
Dito isto, tenho que me demorar ainda mais um
pouco sobre a questão do necrológio já que a autora do interessante
ensaio "O sapateiro Silva" insiste em sapatear sobre a
sepultura de Wilson Martins. Consideremos o sentido do necrológio tanto na sociedade
primitiva quanto na civilizada. Diga-se logo, que ao negar aos outros que
façam o necrológico afetivo ou intelectual de Wilson Martins, talvez
Flora esteja escrevendo um epitáfio para si mesma enquanto
crítica, além de promover uma desleitura do que significam os
necrológios na antropologia e na sociologia.
A celebração, a evocação dos mortos não é uma aberração
nem pode ser abolida pela pretensa racionalidade de alguém, pois são exigência
do imaginário humano. As sociedades recorrem a esses rituais para
elaborar sentimentos, remorsos, fantasias e até dialogar com a morte. Diz
L.V.Thomas que "o homem é um animal que enterra seus mortos”. Acrescenta
Françoise Charpentier que "nenhum grupo humano se desinteressa de seus
cadáveres”. E Michel Ragon ("L'espace de la mort") arrola umas
15 maneiras que as diversas culturas elaboraram de lidar com seus mortos:
fazendo tumbas, incinerando, praticando o canibalismo, expondo-os às bestas ferozes,
jogando ao mar, lançando ao fogo, colocando em urnas, árvores, nichos,
etc.
Na tragédia “Antígona”, Sófocles narra
a patética estória da heroína procurando enterrar seu irmão
Polinice, ao qual o rei Creonte negava o direito de sepultura. Antígona
enfrenta o poder e enterra o irmão. Negar à sepultura e o ritual necrológio a
Polinice foi o principio crítico da decadência de Creonte, como advertiu o
sábio Tirésias.
Só nos regimes e mentalidades autoritários
destróem-se cemitérios, apaga-se a história, faz-se tabula rasa do
passado. Os familiares dos mortos na última ditadura
que tivemos (e eu vivi este período) ainda clamam pelo direito de
enterrar seus "desaparecidos". De resto, neste caso, é bom
lembrar aquele imperador chinês, que mandou não só matar
todos os sábios da corte, mas queimar seus livros, e decretou que a
história começasse com ele mesmo.
Por sua vez, a cultura barroca, refazendo os
costumes arcaicos, elaborou uma oratória, um relógio fúnebre
que era um gênero literário dos mais considerados e com uma função social
específica. Phillippe Ariès nota que uma das características da sociedade
industrial "contemporânea" (e Flora se quer
"contemporânea), é perverter, disfarçar e até interditar
o sentimento de morte. No entanto, mesmo modernamente, o
necrológio, sobre ser um fato sócio-antropológico, é também um gênero
jornalístico e literário cultivado com singularidade pelo "The
Times" e "The New York Times", que têm redatores especializados
no assunto.
Lembro essas coisas, mas me dou conta que o
incômodo que a figura de Wilson Martins provoca em
Flora é de tal ordem, que ela esta execrando até mesmo os necrológios
feitos sobre cadáver recente.
Talvez se devesse lhe dizer: Flora, você não
tem que levar flores à tumba de Wilson Martins. Mas também não tem que
dar chutes nem tentar destruir sua lápide.
2- O MITO DO HERÓI SOLITÁRIO
No processo
de decomposição da imagem de Wilson Martins Flora Sussekind refere-se,
por duas vezes, ao fato que alguns o consideram um "herói
solitário". Ela ironiza essa expressão ou idéia que estaria expressa ou
subentendida nos textos escritos sobre ele.
Aqui a questão torna-se constrangedora e
pode-se supor que ela desconhece não só a obra como a própria
vida desse anti-herói. É querer ignorar que ele abriu mão de agremiações
literárias, abriu mão de grupelhos e de partidos e centrou-se desde sempre no
seu fazer critico. É não saber que por ter as opiniões criticas que tinha, foi
despedido de vários jornais. E no último jornal em que trabalhou,
ou não recebia pagamento ou tinha que se esforçar para tal. É querer negar o
que há de solitário e heróico em realizar, sozinho, uma obra
complexa como "História da Inteligência Brasileira", em 7 volumes. É
querer invalidar além dos 2 vols de "A crítica literária
no Brasil" os 17 volumes de críticas jornalísticas. É querer
negar que é o único
historiador e crítico que fez uma leitura abrangente de nossa cultura de 1500
até 2010. Ninguém fez isto entre nós. E noutras literatura não sei de nada
semelhante. Durante sua trajetória
alguns críticos evidentemente surgiram, mas trabalharam apenas alguns
anos e pararam ou foram desestimulados. Ele persistiu desde 1942 até
2010, portanto, quase 70 anos. E é isto que a autora de "Até
segunda ordem não risquem nada", com meia dúzia de argumentos mal
alinhavados, quer jogar no lixo.
Alguém pode até dizer malevolamente: melhor se
Wilson Martins tivesse lido menos e pensado mais. Como tirada tem lá sua
graça momentânea, mas não se ajusta a ele. Quem pretende ser crítico e
historiador tem mesmo que ler “tudo e não pode resumir-se a elogiar seus
confrades e a operar pela exclusão (coisa que é muito familiar `a autora de
"Papéis colados"). E Wilson Martins, crítico semanal,
estava na "linha de fogo" opinando sobre obras ainda não canonizadas.
Como escrevi em outra ocasião ao longo de cinco décadas de atividade critica
ele pode ter feito um inimigo por semana, ou seja, uns 2.600
ao longo de 50 anos. E certamente Flora é um deles, pois Wilson Martins
mostrou o que ele chama de "falácias" de seu livro -” O Brasil não é
longe daqui".
Lembremos, por outro lado, que essa
obra extensiva e intensiva que Wilson Martins produziu, ele a
elaborou não com uma equipe, mas individualmente, só, solitariamente, num tempo
em que não havia Google ou internet. E mais, a executou apesar das suas
deficiências físicas, movendo-se com dificuldade para chegar aos locais de
trabalho e fazer suas pesquisas. Por isto, embora eu possa discordar dele
quanto à leitura ou o julgamento de um autor ou outro, ou de uma idéia ou
outra, diria que ele com sua deficiência física é mais imprescindível à cultura
brasileira que outros com sua deficiência intelectual.
Uma das coisas mais irônicas, paradoxais,
senão patéticas, que se pode constatar no texto de Flora é que ela, em alguns
aspectos, está defendendo as mesmas teses de Wilson Martins, sem o saber.
Em 1996, numa entrevista dada a José Castelo o crítico já assinalava a
"morte da critica literária no Brasil". Dizia, com a
autoridade que tinha, que "nos jornais propagou-se com rapidez a idéia de
que a critica literária não tem mais importância". Portanto, Flora está
atrasadissima no seu diagnóstico.
Garcia Marquez tem o
conhecido romance, "Crônica de uma morte anunciada" e vários autores
têm livros onde falam da segunda morte de seus personagens. Isto me
ocorre enquanto analiso o que está sucedendo nessa tentativa de novo
assassinato de Wilson Martins. Na verdade a
"morte" de Wilson Martins já havia sido anunciada há muito. Ele mesmo
se encarregou de divulgar isto, quando naquela entrevista em
1996 disse que a morte da critica literária estava em curso com as
mudanças ocorridas na imprensa e na vida social. Neste sentido, o texto
de Flora está atrasado 14 anos em relação ao de Wilson ao vir falar agora
sobre”, a perda de lugar social da crítica".
E mais: torna-se repetitivo. Quando Wilson assinalava com tristeza e ironia que
a crítica literária estava sendo assassinada, havia um toque autobiográfico
nisto, porque ele era critico e estava, portanto falando de seu próprio
extermínio social. E essa que seria simbolicamente a morte de um
gênero literário tornou-se algo mais concreto e físico
quando o próprio Wilson foi demitido do jornal que agora, sem crítico de
literatura, alardeia o artigo de Flora sobre a morte da crítica literária.
Portanto, com a proposta de novo assassinato de Wilson Martins e diante desse
desejo de "matar uma vez mais" o critico, estamos diante
de uma terceira morte. Mas como nas regras onde o mais é menos e o menos é
mais, está ocorrendo um renascimento da obra do crítico, as pessoas estão
procurando os seus volumes para entender a razão de tanto desejo de morte em relação
a ele. A virulência despejada sobre seu nome está provocando interesse em torno
de sua obra, para o tormento dos que querem autoritariamente controlar a
vida e o sistema literário.
por Affonso
Romano de Sant 'Anna
II. Deonísio da Silva
Crítico é atacado depois de morto
Quando o escritor Josué Montello morreu, fui procurado
para falar (mal) dele. Em entrevista a Geneton Moraes Neto, no Jornal do
Brasil, e em artigos assinados no Estado de S. Paulo, eu tinha feito várias
ressalvas, não apenas à sua obra, mas à sua atuação como personalidade
literária que era. Josué Montello respondera-me em grandes jornais, eu dera a
tréplica no Verve, pequeno jornal editado por uma equipe presidida por Ricardo
Oiticica, em Niterói (RJ).
Há quase trinta anos mantenho coluna semanal no Primeira
Página, pequeno jornal de São Carlos (SP). Acredito muito nos pequenos jornais.
Eles completam as falhas geológicas dos grandes. E a imprensa do período, ainda
mais agora com os mecanismos de busca, jamais será a de um jornal apenas, como
já foi no passado.
Ao me negar a falar de Josué Montello depois que ele
morreu, comentei a advertência que, na Odisséia, Ulisses faz à Ericléia, que se
alegra com o massacre dos pretendentes, popularizada pela seguinte expressão do
latim vulgar: "De mortuis nil nisi bene" (Dos mortos nada, a não ser
o bem).
Escrevera aqueles artigos e dera aquelas declarações a
Geneton Moraes Neto quando eu tinha 35 anos! Hoje, aos 61, diria tudo o que
disse de modo diferente. O outono nos ensina a moderação, mas fazer o quê? Pedro
Nava definiu a experiência como um automóvel com os faróis virados para trás.
Quer dizer, de pouco serve, pois o percurso já foi feito.
Flora Süssekind, professora altamente qualificada, não
deve desconhecer a recomendação que da literatura migrou para a vida cotidiana,
mas perpetrou várias indelicadezas e equívocos no caderno
"Prosa&Verso" de O Globo (24/4/2010). Não apenas com o que disse,
mas com o que costuma silenciar, pois ela deve conhecer a qualidade de livros e
autores que omite em suas pesquisas. Como disse Eduardo Portella, "o
silêncio é aquilo que se diz naquilo que se cala".
O pior de tudo é que jamais discordou de Wilson Martins
quando ele era vivo. Em cima de seu caixão, com o profissional morto, ela, não
só desanca sua obra, como ainda fala mal de quem falou bem do crítico, aí
incluídos referências da crítica literária, como é o caso de Alcir Pécora e
Miguel Sanches Neto, comentaristas de inegável qualidade. Qual foi o erro dos
dois? Discordar dela?
Destaco trecho do que escrevi na coluna de Augusto Nunes
na Veja on-line, no dia seguinte ao falecimento do crítico:
"Wilson Martins dizia: `não comento autores, comento
livros´. Fez a história da literatura brasileira de 1500 a 2009, acompanhando os
lançamentos e garimpando neles o que achava relevante. Antonio Candido data sua
história de nossas letras na segunda metade do século XVIII e vem até 1930. E
nas universidades só ele é citado. Há décadas. Wilson Martins integra a
multidão de esquecidos para que poucos possam aparecer louvados pelos mesmos de
sempre".
A militância política dos professores não pode ser
exercida em sala de aula. Ali há programas, ementas, objetivos e bibliografias
bem definidos a cumprir. Sejam pagos por escolas públicas ou privadas, os
mestres estão submetidos a hierarquias baseadas em relações de saber, não de
poder, e precisam ministrar aos alunos um ensino de qualidade. Aqueles que
substituem ações docentes por proselitismo estão traindo os alunos. Não é esta
a única razão do notório fracasso escolar, mas é uma força considerável no
rebaixamento da qualidade de ensino. O artigo de Flora Süssekind logo estará
sendo citado e multiplicado em universidades para ajudar a deformar nossos
cursos de Letras. A mídia vem sistematicamente negando espaço a quem faz
literatura de qualidade, aí incluída a crítica, naturalmente, e por isso enseja
a consagração de mediocridades.
Colunas suspensas
Há algo muito mais grave do que ensinar que não houve ou
não há literatura brasileira. É fazer de conta que obras e autores do gosto do
mestre sejam impostos aos alunos como únicas referências literárias.
Naturalmente, o mestre tem seu gosto, que é também uma categoria estética, mas
quem experimenta o prato é o cliente, não o garçom. E neste caso, críticos e
professores são garçons.
Por melhor crítico que tenha sido Armando Nogueira, quem
fez a jogada foi Pelé, foi Garrincha, foi Romário, foi Maradona, não ele. Ele
não jogava, ele comentava. Exagerando um pouco, Sartre disse que "os
críticos são guardiães de cemitérios". E ademais já não somos poucos os
que achamos que é urgente uma revisão em nosso cânone literário, que consagra
tantas mediocridades.
Os editores de cadernos literários usam sempre como
recurso de argumentação que não há espaço para comentar mais livros ou outros
livros, revelar outros autores, sair da geléia geral em que a maioria deles
está há muitos anos. Por que, então, dedicar duas páginas inteiras para um
solilóquio desses contra Wilson Martins? Não teria sido melhor abrir o mesmo
espaço para uma saudável controvérsia?
Wilson Martins e Affonso Romano de Sant´Anna tiveram suas
colunas suspensas em O Globo
em agosto de 2005. Comentando o afastamento dos dois, escreveu Alberto Dines
neste Observatório (8/8/2005):
"A maior empresa de comunicação do país, uma das
maiores do mundo, não tem os caraminguás para manter uma instituição que dá à
combalida cultura carioca o suporte erudito para o seu renascimento. De
diferentes gerações (um é poeta e professor mineiro; o outro ensaísta e
professor curitibano) ARS e WM são dois expoentes da cultura brasileira que O
Globo oferecia ao seu público no mesmo dia e mesmo caderno".
Pois é.
Olhem só para quem ocupou o lugar deles.
Os leitores façam as suas comparações!
por Deonísio da Silva
Excelente! Grata por nos proporcionar tanta coisa relevante.
ResponderExcluirBelvedere
Aí como cá, partem o que mais faltam fazem, pela frontalidade, pelo descompromisso com o poder instituído, como Saldanha Sanches (professor e jurisconsulto nas áreas de Direito Fiscal, Direito do Balanço e da Contabilidade, Direito Financeiro e das Finanças Públicas) a quem aqui posto o meu elogio póstumo.
ResponderExcluirBernardete Costa
18/05/2010
Bernadete,
ResponderExcluirDe fato , temos perdido grandes nomes, que escreveram não somente a história de um país- mas a história universal, pq. detentores de saberes -além fronteiras.
Homens com visão de mundo .
Assim , entre perdas e ganhos, a Literacia vai cumprindo sua missão de promover o aprendizado permanente , de assegurar os registros históricos, de preservar a memória cultural, ligando os povos e escrevendo uma lição para os que virão depois de nós.
Para os nossos Mestres, com carinho , estaremos
sempre alertas , zelando por seus nomes e por seus legados.
Abs, anamerij
Esta Revista está excelente!
ResponderExcluirParabéns!
Julio Andreasa
Maravilhoso embate!
ResponderExcluirLi o referido artigo, e esta revista traz a tona quem é de fato esta senhora.
Na verdade, acho que Flora, ao matar novamente Wilson Martins, canonizou o respeitado Crítico .
O que dizem é verdade, moro no Rio de Janeiro e fui a mais de 07 livrarias tentar comprar uma obra que fosse de Wilson Martins, sem conseguir Não mais se encontra.
Tenho dois de seus livros, e vou guardar no cofre, pois viraram relíquias .
Parabéns!
Abs, deste agora seguidor fiel de vocês.
João Marques de Queiros- Professor de Literatura
Verifico, mais uma vez, que... quem não tem luz própria tenta apagar a luz do outro, para poder "brilhar". E quando uma professora "altamente qualificada" comete tal acto, não só se define, como traz à tona uma das principais causas do insucesso escolar: a mediocridade. E esta (a mediocridade...) não fala por ter alguma coisa para dizer. E a exclusão é, para ela, um gatilho muito fácil de premir.
ResponderExcluirNo entanto, ninguém poderá enganar muita gente, durante muito tempo, como diz o ditado. É provável, sim, que Flora esteja "escrevendo um epitáfio para si mesma enquanto crítica ". Como pode alguém levantar a espada sobre quem já não pode exercer o seu direito de resposta?! Como pode querer "assassinar" agora Wilson Martins, se nunca discordou dele quando era vivo e se não conhece a obra nem o Homem que está por detrás dela?!
No entanto, a mediocridade nunca poderá, obviamente, dissolver o que está para além do corpo físico que Wilson Martins usou para viver...
Perante tal atitude, a boa crítica chega a ser um bálsamo. Além disso, ela capta o que a obra tem a dizer, defende-a da má crítica, orienta o leitor e ajuda-o a entender a Obra. Por tudo isto, muito obrigada a Affonso Romano de Sant´Anna, a Deonísio Silva e a Ana Merij.
Maria João Oliveira