domingo, 12 de junho de 2011

MINISTRO JOGOU FORA 14 MILHÕES  DE REAIS


Fátima Almeida
A notícia de que uma empresa de consultoria de Antonio Palocci, ex-chefe da Casa Civil, ganhou vinte milhões de reais em quatro anos, é mais um escândalo de uma serie que vimos acompanhando desde quando iniciou a chamada Nova República. Parece que nunca vai ter fim. Pela internet passam, a toda hora, anedotas, charges ridicularizando os políticos brasileiros, com criatividade e variedade, parecendo um velho teatro, uma velha peça com atores decadentes nos quais a platéia fica a atirar repolhos e ovos podres.
 Há mais de vinte anos eu soube de um homem que havia vendido suas coisas e vindo para o Acre com dinheiro para comprar uma casa no momento em que Fernando Collor de Mello lançou o Plano Collor. Sua prima e Ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, confiscou a poupança dos brasileiros, acima de cinqüenta mil cruzados novos, tendo avisando apenas aos seus amigos, na véspera. Aquele homem morreu de infarto. Eles, que estavam na condução do Estado queriam resolver o problema da inflação que estava a mais de 80% ao ano, pouco se lixando para o pânico e o desespero da sociedade.
 Em entrevista dada à Época, setembro de 2002, Zélia disse que ao andar pelas ruas quando vinha ao Brasil de férias, já morando em Nova York, as pessoas a confundiam: “a senhora é atriz”? Eles me conhecem de algum lugar, mas, não sabem de onde, disse. Uma evidência de que a população brasileira, a grande maioria, não tem capacidade para entender ou analisar os noticiários muito menos identificar os atores e seus papéis no meio político brasileiro. Por isso, Collor é senador outra vez, apesar do impeachment e do esquema PC Farias quando várias pessoas foram assassinadas.
Nenhuma escola de Alagoas poderia aparecer no ranking das 50 melhores. A Matemática ensina a raciocinar e abstrair. A Língua Portuguesa a ler e interpretar.
         Nesta semana, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou  requerimento da  senadora tucana Marisa Serrano do Mato Grosso do Sul - cuja capital tem escolas que aparecem no ranking das 50 melhores do país - em que ela pede ao Ministério da Educação informações sobre os sete milhões de exemplares de livros didáticos com erros de diagramação e revisão que foram distribuídos em escolas da zona rural, entre eles um livro de matemática que traz erros como 10 – 4 = 7 e 16 – 8 = 6. Coisa que nem mesmo nos Governos Militares se permitiu. Bom, os militares nunca gostaram mesmo dos políticos a quem chamavam de “casacas” e o povo logo depois de “vira casacas”. Partiu de jovens oficiais um movimento para derrubar a primeira república,  um verdadeiro arranjo de oligarquias regionais que se perpetuavam no poder com o chamado voto de cabresto e seus respectivos “currais eleitorais”. O coronelismo era típico de regiões agrárias, não industrializadas, com maioria de analfabetos.
         Na Nova República o coronelismo ressurgiu com nova roupagem. A maioria continua analfabeta, apesar de cada indivíduo ostentar um celular com dois chips. A figura tradicional do coronel desapareceu, mas, as práticas da maioria dos políticos de hoje são uma adaptação do voto de cabresto e do curral eleitoral aos tempos atuais. É muito fácil reconhecer num assessor que usa boas roupas e ostenta título de doutor, o antigo jagunço, agora sem cartucheiras, a intimidar servidores públicos em greve, por exemplo.
Aqueles exemplares que foram distribuídos ano passado em 40 mil escolas do meio rural que atendem 1 milhão e 300 mil  estudantes em todo o país, custaram 14 milhões de reais! Somente em fevereiro de 2011 foram constatados os referidos erros, mas, a suspensão do uso desse material, por ordem do ministro, só ocorreu nesta quinta-feira, dia 2 de junho, quando os professores foram orientados a usar somente outros livros “pois o material com erros servia apenas de apoio e poderia ser dispensado”. O MEC, portanto,  despejou 14 milhões de reais no lixo. Mesmo assim, o ex-presidente Lula elogiou e premiou o atual ministro por ele ter “elevado o patamar da educação no país”.
         O ministro Haddad aprovou, comprou e fez distribuir um livro de Português para turmas de Educação de Jovens e Adultos em 4.236 escolas com 484.195 alunos que contém frases redigidas de forma incorreta tipo “nós pega o peixe’ porque, na opinião dele, ministro,  o MEC deve estimular o ensino da linguagem popular. O livro Para Viver Melhor é de autoria da professora aposentada da rede pública de São Paulo, Heloísa Ramos,  que também dá cursos de formação para professores, a qual se justifica dizendo que a proposta visa combater o preconceito e a desigualdade social. Segundo Heloísa Ramos, os alunos adultos sentem-se intimidados e,  lendo do modo como falam  podem se sentir mais relaxados para aprender a norma culta. Mas, ela reconhece que o professor precisa entender a sua proposta caso contrário pode desvirtuar o que o livro propõe.  
Muitos lingüistas entendem que o uso da língua popular no ensino ajuda os estudantes das classes populares a se sentirem incluídos, e, com isso, aprender com maior facilidade a norma culta. Outros, acreditam que esta prática pedagógica limita a ascensão social dos próprios alunos.  Para o ministro isso é uma falsa polêmica, apesar de que a mesma existe entre os lingüistas há mais de quarenta anos. ..
Falar de forma errada é um hábito que se adquire em meio familiar e num grupo social muito carente. A escola pública foi criada exatamente para a superação disso e para possibilitar a ascensão social através do estudo. A desigualdade social é decorrente da má distribuição de renda. Não vai ser imprimindo o modo de falar dos mais carentes que vai acontecer inclusão. Como lembrou Carlos Eduardo Novaes do JB, a Gramática é a Constituição do idioma nacional, a linguagem oral é para ser falada e toda palavra impressa deve obedecer ao que manda a gramática, caso contrário, vira um vale tudo. Inclusão é empregos e salários dignos.
A Educação precisa mesmo é de grandes investimentos, sejam públicos ou privados e isso não tem a ver com superioridade dos grandes centros e inferioridade dos estados pobres. Teresina, Ilhéus e Itabuna têm escolas que apareceram no ranking entre as 50 melhores do país. Em Porto Velho, na Av. Calama, uma escola está entre as quatro melhores particulares do país, a Maple Bear Canadian School e que nem deve faturar 4 milhões em 4 anos.



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