O que é uma
Academia de Letras e para que serve?
Antes
de falarmos de “imortais” que compõem as academias de letras que existem no
Brasil, a grande dúvida de grande parte da população é que são estas academias
e como se chega a elas.
Num
encontro que tive recentemente numa Conferencia Estadual de Cultura, em Campo
Mourão, um presidente de uma Associação de Literatos, despejou sobre mim as
grandes vantagens de uma associação e falou mal das Academias. Segundo este
nosso amigo, as Associações são livres para qualquer pessoa, não existem
restrições como em uma Academia que possui um número limitado de membros. Uma
Associação não cobra nada dos associados (pelo menos a dele), e todos os anos
publica livros de qualquer escritor (não importando a qualidade), com dinheiro
obtido em (desesperadamente) patrocinadores, assim como também não se preocupa
muito com a qualidade do que é publicado.
O
interessante de tudo é que, as Associações (não digo todas), que não possuem um
mecenas que as patrocinem e não cobram alguma mensalidade são fadadas a ruir,
pois não existe meios de sobrevivência. Infelizmente, no mundo que vivemos
atualmente, sem dinheiro não há como viver. E o que mais chama a atenção é que
estas pessoas defendem com todas as forças esta posição e o que observamos são
instituições falidas.
Isto
foi apenas uma pequena entrada. Vamos nos ater a que é uma Academia de Letras,
porque os membros ocupam cadeiras (não poderiam se chamar poltronas ou sofás?),
qual o objetivo de uma Academia?
A
primeira academia foi fundada, na Grécia antiga, cerca de quatro séculos antes
de Cristo, por Platão que dedicou às musas (sobre estas falaremos em outra
oportunidade). Compunha-se de uma biblioteca, uma casa e um jardim. Segundo a
tradição, o jardim seria do herói ateniense Academus, da guerra de Tróia, de
onde se originou o termo "academia". Nessa escola, mestres e
discípulos trocavam experiências sobre filosofia, matemática, música,
astronomia e legislação. Seguido a ela
houve a Academia do Meio, fundada pelo filósofo platônico grego Arcesilaus; e a
Nova Academia, fundada pelo filósofo grego Carneades.
Nos
séculos XIII e XIV, na época do renascimento na Europa, diversas academias de
poetas e artistas começaram a se destacar na França e Itália. A mais famosa foi
a Accademia Platônica, fundada em Florença por volta de 1440, que se aprofundou
no discurso da obra de Platão, Dante e do aprimoramento da língua italiana.
Em
1635, o Cardeal Richelieu funda a Academia Francesa, que até hoje serve de base
para todas as outras academias. Era formada por 40 cadeiras, cujos ocupantes
perpétuos eram eleitos pelos mais antigos, depois de apresentarem suas
qualificações.
Provavelmente,
como o novo acadêmico tinha que lembrar sobre o seu antecessor (hoje chamado de
patrono), surgiu a origem da enigmática expressão `acadêmico imortal`. Como
entidade autônoma, a Academia inicia-se em meados do Século XVIII. Seu
prestígio se devia da estima consensual pelas humanidades e a valorização da
tradição escrita. No Brasil, a primeira Academia de Letras surgiu no Rio de
Janeiro, em 1896, sob a presidência de Machado de Assis.
A
partir daí, surgiram academias de grande porte e respeito como a Academia de
Letras do Brasil, Academia de Letras Maçonicas, etc. E, em cada cidade que pudesse
suportar a criação de uma academia que conseguisse congregar cerca de 40
membros, foram criadas, como aqui no Paraná, em Maringá, em Londrina, em
Paranavaí, em Curitiba, em Campo Mourão, e várias outras. Se contarmos a nível
de Brasil, existem centenas de academias.
Agora
vamos a segunda questão. O que são Cadeiras?
Na
época da Academia Francesa todos os escritores, quase todos plebeus e pobres,
promovidos, por isso, no Louvre, no palácio do rei, onde se reuniam, à situação
de príncipes, duques, cardeais,
sentavam-se em fauteuil (a poltrona, é, simbolicamente, um pequeno
trono). Daí vem o prestígio da poltrona, da cadeira acadêmica .
Os
lugares dos membros efetivos, chamados "Cadeiras" são vitalícios.
Quando alguém é convidado foi longa e cuidadosamente avaliado sua produção
literária e ou sua atividade em prol da cultura. Uma vez aceito, os acadêmicos
(membros efetivos) tratam-se por "confrades" e "confreiras"
e devem manter entre eles uma convivência social que faz parte do espírito
acadêmico desde a criação das academias.
As
Academias consideram Cadeiras, os lugares a serem ocupados pelos membros
aprovados nelas, que sempre levarão o nome do literato, imortalizados nelas,
mesmo após sua morte e sendo ocupado por novo membro.
De
acordo com as regras da Academia francesa, no século XVIII, as Academias de
Letras possuem um número fixo e vitalício de membros, ocupando cadeiras
numeradas (geralmente de 1 até 40), que são vitalícias.
A
partir do momento que é eleito o novo membro, a cadeira passa a ser sua,
independente da solenidade de posse, que é uma formalidade oficial para
divulgar o novo Imortal. Existem casos, como o paranaense Emílio de Meneses que
ocupou a cadeira mas faleceu antes da posse oficial.
Definido
o que são Academias e suas origens e porque os assentos que ocupam os Imortais
se chamam Cadeiras, para que serve uma Academia?
A
princípio elas têm a finalidade precípua de promover o cultivo das letras e
incentivar as atividades intelectuais e culturais. A congregação de pessoas que
se dediquem as atividades literárias e artísticas nas mais diversas formas de
expressão; realizar a promoção, divulgação e apoio às estas atividades.
Realizar um intercâmbio com entidades congênitas no Brasil e exterior. Defesa
da língua, do idioma.
Então,
uma Academia (ao contrário de uma Associação como de nosso amigo que mencionei
acima), preserva o nome dos escritores através dos tempos. O seu trabalho seja
em escritos ou seja por sua atividade cultural será sempre lembrado pelas
futuras gerações. Um exemplo pela sua capacidade cultural a ser seguido pelos
que vêm posteriormente.
Claro
que existem muitos nomes que não estarão ocupando estas cadeiras, talvez por
serem desconhecidos além do município ou por terem falecido, ou mesmo por
fazerem questão de se manter no anonimato. Contudo, procuramos fazer jus aos
seus nomes prestando-lhes as devidas homenagens, preservando seus nomes através
de nomes de entidades, de ruas, estátuas, etc.
O
que vale mesmo é o trabalho que estes bravos heróis efetuam para o
desenvolvimento da cultura brasileira, sejam aos tropeços, seja com derrotas,
que acreditaram em seus ideais, em seus sonhos. A todos eles, devemos agradecer
sempre e sempre o pouco ou o muito (segundo o ponto de vista de cada um) que
possuímos. Sejam eles nas Academias ou fora delas.
[José
Feldman é escritor, poeta e trovador, presidente estadual pelo PR da Academia
de Letras do Brasil, Consul municipal de Poetas del Mundo, delegado municipal
da União Brasileira dos Trovadores, diretor da Academia de Literatos de
Ubiratã, elaborador do blog Pavilhão Literário Singrando Horizontes (http://singrandohorizontes.blogspot.com)]
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