Professor.Doutor Deonísio da
Silva
Estes e
outros alertas de Fábio Konder Comparato estão na revista Insight Inteligência
(Ano XII, número 49, junho de 2010).
Diz o
professor e profissional de Direito:
"Eu sou
um homem marcado pelos meios de comunicação de massa. Meu nome é absolutamente
banido. Briguei com o Estadão por uma causa nobre no começo dos anos 70 do
século 20. Naquela época, o jornal publicou um artigo deprimente sobre um padre
francês que era meu amigo e eu usei o direito de resposta, via Lei de Imprensa,
que ainda não havia sido revogada pelo Supremo Tribunal Federal. Entrei com uma
ação judicial, ganhei, e eles foram obrigados a publicar. A partir dali, nunca
mais mencionaram o meu nome."
Pode um
jornal, por mais poderes que tenha – e o Estado de S.Paulo é um dos maiores do
país – ser acusado de prejudicar um intelectual do porte de Fábio Konder
Comparato por "não mencionar o nome" dele? Se o professor fizer jus a
ser objeto de matéria da imprensa, por mais prestigioso que seja um jornal que
resolva censurar a simples menção de seu nome, todos os outros, grandes, médios
ou pequenos, não precisam acolher a restrição.
Ele
prossegue:
"Na
Folha de S.Paulo, escrevi durante trinta anos, graças ao convite de Octavio
Frias [de Oliveira], um sujeito muito interessante, que não tinha nada de
democrata, mas era muito inteligente. Ele gostava muito do que eu escrevia e
pediu ao filho (Otavio Frias Filho), de quem eu fui professor na Faculdade de
Direito, para eu escrever regularmente no jornal."
Fábio Konder
Comparato mandou uma carta ao jornal dizendo que o autor daquele editorial e o
diretor de Redação deviam pedir desculpas ao povo brasileiro. E de joelhos. A
carta foi publicada, mas com a seguinte resposta, referindo-se a ele e à também
professora Maria Victoria Benevides: "Esses professores são cínicos e
mentirosos, pois nunca atacaram regimes ditatoriais como o cubano."
O professor
publicara no mesmo jornal, fato reconhecido pelo ombudsman, uma carta
criticando o regime cubano. Ele processou o jornal, perdeu em primeira
instância, recorreu e aguarda uma decisão final.
No
depoimento, Fábio Konder Comparato diz também que defende "a criação de
ouvidorias populares para acompanhar os trabalhos do Judiciário", que
"não se tem ideia do grau de corrupção dos tribunais" e que "o
dia em que o grande público tomar conhecimento do nível de corrupção, a casa do
Judiciário cai".
Suas
afirmações merecem mais do que réplicas ou tréplicas. Merecem repercussões na
mídia para que os temas ali levantados sejam amplamente discutidos sem qualquer
tipo de censura, pois, a julgar por suas reflexões, a democracia que praticamos
tem falhas geológicas preocupantes.
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